DA ILUSÃO QUE PENSA SER REAL
E uma estrela bem presa à minha mão
Por distracção, incúria ou meu defeito,
Perdi as duas coisas e a ilusão.
Criei só para mim o meu caminho,
Sem me importar de quem ia a meu lado;
Pensava que podia ir sozinho...
Encontrei-me, depois, num descampado
Tropecei e caí no meu caminho,
Depois de tantos anos caminhar...
E porque nesta senda ia sozinho,
Fiquei desamparado no lugar.
Intentei, várias vezes, levantar-me
Deste meu duro chão da teimosia;
Nem um samaritano a ajudar-me
Com vinho e azeite de uma almotolia
Ninguém ouviu a minha voz de dor
E me atendeu a minha solidão;
Com lama, fel e sangue ao meu redor,
Vi mais pesado e negro aquele chão.
Como pude, arrastei-me na viagem:
O corpo esfrangalhado e o coração;
Não fui levado para a estalagem,
Onde havia remédio do perdão.
E para ser maior meu sofrimento,
Vi gente mais feliz em companhia
Nas ruas, nos jardins e no convento:
Assim, a vida tem mais alegria.
Dinis de Vilarelho
...alguém negativo... já está derrotado antes da batalha contra os gigantes, tal como optimismo irrealista.
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