quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

CRV - ALGO MAIS QUE PASSAR POR


ALGO MAIS QUE PASSAR POR 
UM NOVO ANO!

QUANDO
O SILÊNCIO
FALA,
todo o 
supérfluo
 ao nosso
redor
fica calado.


A nossa 
alma 
pode então ouvir
o que 
o 
coração 
lhe diz
sobre o pulsar de cada momento
em que 
amou,
perdoou
ou
se
sentiu só
|
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|
O que o nosso corpo a soluçar
nos conta,
quanto desamor suportou,
quantas vezes foi 
ignorado,
  desprezado,
        mal compreendido,
  violentado,
   escravizado,
e tudo em 
troca
de uns nadas
e outros tantos 
desejos
que no final

resultaram 
em mais 
umas quantas
cicatrizes
que
teimaram 
em
 continuar a
sangrar...

A mente,
essa viajante
quase sempre divaga
sobre passados e futuros distantes
do momento presente,
quase sempre ausente
de uma consciência
que teima seguir viagem
em busca de prazer e conveniências 
que,
quase sempre
 nesses desejos
passamos alguns momentos a rir
e depois o resto do tempo
a sofrer!
Há quem diga que
 a dor é inevitável,
pois é uma consequência
 de um acidente
ou
prática desadequada
reiterada,
nem sempre previsível,
mas pode ser sempre compreensível.
Já o sofrimento 
é opcional,
e há até quem o considere
uma perda de tempo,
mas por experiência sei
que esse sofrimento,
ou talvez dito de outra forma,
esse sentimento de 
perda psicológica
induz a uma constante lamentação,
parecido com
o lamber de feridas que
se observa nos animais,
mas estas feridas de que escrevo
não são físicas, 
mas sim mentais,

 refiro-me áqueles detalhes
do nosso coração
onde permanece o amor próprio
que foi ferido,
por isso
o lamentar é como se fosse
uma 
consolação,
uma medalha não de mérito,
mas de desventura vivida,
pois,
 quanto mais se lambe as feridas
mais elas sangram e incomodam.
|||||||||||||||||||||
INCONSCIENTEMENTE
estabelece-se assim um consolo
auto-punidor
que serve para
 justificar
quem se sente culpado
ou
culpa toda a gente,
mas sem nunca saber bem 
o porquê,
nem para que fim,
mas é Humano, 
por isso
torna-se compreensível,
mas ainda assim permanece como
uma forma inaceitável
para quem tem de continuar a viver
e
cumprir a obrigação 
de 
SER FELIZ

Quantas das vezes o mundo permanece
num silêncio sepulcral,
mas a nossa mente, aí está
cheia de ruído, todos os dias,
a cada instante se repete uma festa
de sentimentos indefinidos,
a tal tagarelice de recriminações
e devaneios com desejos vários
que,
sómente servem para alimentar a guerra
que nunca se dirige
para
a obtenção da paz,
mas antes se dirige
para
a manutenção do sofrimento desnecessário
que provoca a insatisfação,
ou seja,
provoca o inferno de dúvidas
que
não desejamos ver esclarecidas,
 pois
o receio da descoberta 
daquilo que realmente somos
e daquilo que realmente
poderíamos fazer
é superior ao alívio que poderia daí advir.


Assim, 
não fosse  o caso esclarecer
 a coisa em dúvida
e assim se pudesse ver acabado 
o sofrimento inútil .
sobre o qual nos habituámos a deitar, 
permanecemos no conforto doloroso
 da auto-comiseração,
lambendo as feridas do nosso coração,
pois se ficássem os resolvidos e sem dúvidas por esclarecer,
surgia então a dúvida maior
que seria
ficar sem saber o que fazer
 com tanta paz
e possibilidade de ser feliz
Compreendo o medo do silêncio
que muitos têm,
pois embora se queira ouvir 
a voz de Deus,
nem sempre se foi ensinado 
a fazê-lo
 de forma concreta
para que assim se possa ser feliz.
E também há
 quem tenha sido ensinado
e não esteja disposto a fazê-lo
 a cada instante 
de forma 
coerente,
 assertiva
 e
 adequada.
Por isso,
tendo em linha de conta o passado recente de cada individuo, é fácil compreender que
muitos optarão por pensar que mais vale fazer uma festa de despedida de 2013 enquanto se deseja um 2014 pleno de muitas felicidades, 
desejando tudo de bom a todos, 
sem ter consciência de que,
 quem sofrerá o mal
correspondente ao bom
que a todos se desejou 
mas pelo qual ninguém fez nada de concreto para que isso venha a ser realidade concreta e muito menos sustentável;
Além de que,
 para muitos já se tornou um evento corriqueiro enviar
 desejos,
felicitações
 e 
afirmar que o melhor ainda está para acontecer,
sem que de facto 
se imaginem a efectuar acções concretas nesse sentido.

O normal mesmo é
 a maioria ficar-se pelos desejos e pelos desígnios de mudanças que serão engolidos com as 12 passas
e assim 
através do processo orgânico normal 
se depositarão os novos votos 
para o ano que se avizinha 
no mesmo lugar
que as passas já deglutidas.

Claro que,
Para quem aspira silenciosamente descobrir e compreender o que realmente é o seu Ser, o seu potencial,
descobrir em que consta a sua diferença perante o seu próximo,
e assim pudesse compreender-se,
fica numa circunstância mais difícil.

Porque depois,
mesmo que descobrisse tudo isso,
ainda teria que procurar saber
como usar  tudo isso;
E teria de o fazer
 ouvindo a voz da sua consciência
e
 bom senso,
pois se falasse na voz de Deus,
muitos não saberiam em que é que isso consiste, 
nem o que isso é
ou para que serve.

Daí, estes que buscam a compreensão
 e a forma de poderem Ser,
mesmo conseguindo ultrapassar todos os obstáculos
ainda teriam de vencer a batalha perante aqueles que
 não suportando a existência e utilidade do silêncio,
os censurariam pelo simples facto de considerarem
que
só aquilo que seja grande vale a pena contabilizar para estes
o grande ano novo,
vem substituir o já velho e cansado ano que passa
e não lhe deixa saudades
Pois o que há unicamente a fazer
não é analisar e corrigir
ou adequar algo que se encontre fora de sítio ou mal,
mas sim,
fazer mais uma festa onde se varre o lixo
para debaixo do tapete 
das
boas intenções.


Assim terá de viver incomodado a maioria,
aquele que desejar descobrir-se a si mesmo;
vivendo mais uma boa quantidade de minutos,
já que os segundos passam rápidamente,
sobre um inferno que se enche com boas intenções
que somente seguem durante o período reservado ao ruído e inconsciência dos minutos que dividem
o velho ano
 do novo

 Tudo isto porque 
o silêncio incomoda muita gente
que 
decidiu não ter tempo para,
ao usar o silêncio,
 compreender que,
o bem e o mal intrinseco
seja aquilo que for,
pouca diferença faz 
para quem
 deseja ser feliz e equilibrado
sustentadamente;
a diferença fundamental 
é a forma como cada um percepciona
o mundo em que vive.

O maior problema que existe a resolver
 é
 a forma como
 cada um vê
 cada coisa,
 cada detalhe,
pois
 muitas pessoas
 desejam ver o mundo como lhes convém, 
e não como cada coisa acontece,
       é
na realidade


Por isso
há que mudar,
não
de ano,
        de desejos,
       de amigos,
de local,
      de religião,
mas mudar sim
de atitude 
e
          de forma como
                 se percepciona
                           cada detalhe da vida.
É o mapa que se tem de adequar ao terreno, em vez do trabalho infrutífero de
adequar o terreno ao mapa!


A realidade da vida é mais que uma projecção psicológica, 
              ou o resultado de uma vontade 
       ou conveniência de alguém,
     seja esse alguém quem for


O que nos permite ser equilibrados,
coerentes,
tranquilos,
tendo paz 
e
 sendo felizes
é a forma como
 cada um percepciona a realidade,
 seja ela qual for

O remanescente
depende apenas 
da execução 
dos acertos necessários
inerentes ao 
objectivo 
a que cada um se tenha proposto
Assim como 
no silêncio
 se destacam os sons,
a felicidade descobre-se
através da tributação
que
nos faz compreender
 o que é essencial.


José C. B. Santos




SAUDADE
É
O AMOR
QUE FICA

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